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Política

STF manda soltar todos os presos condenados em 2ª instância, incluindo Lula

Junior Castro

STF manda soltar todos os presos condenados em 2ª instância, incluindo LulaO ministro Marco Aurélio Mello em julgamento no plenário do STF — Foto: Carlos Moura, STF

Em uma decisão inesperada, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a soltura de todos os presos condenados em 2ª Instância de Justiça. A decisão abre caminho para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixe a prisão, onde está desde o dia 7 de abril de 2018. Ao tomar a decisão, o magistrado acatou um pedido do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

O magistrado entendeu que é constitucional o artigo do Código Penal que considera inocente todos os condenados até que os processos tramitem em julgado. Ele submete a decisão, tomada no último dia de atividades no Judiciário, ao plenário da Corte. As prisões preventivas, ou seja, destinadas a manter a ordem pública ou a integridade das investigações, estão mantidas.  


Lula foi condenado a 12 anos e um mês de cadeia pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No entanto, ele tem recursos pendentes de análise nos tribunais superiores, o que faz com que o caso ainda não tenha tramitado em julgado.


Na prática, as defesas precisam solicitar ao juiz responsável pela execução penal a soltura dos clientes, para que eles sejam libertados. Mas a decisão do magistrado do Supremo obriga que os pedidos sejam aceitos, se forem enquadrados na decisão.


Criminalistas de todos o país já estão se dirigindo as varas penais para solicitar a libertação de clientes. A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, pode apresentar agravo, ou seja, recorrer da decisão. Neste caso, durante o recesso, que começa nesta quinta-feira (20/12), quem decide no recesso é o presidente da Corte, ministro Dias Toffoli.


Então, em tese, Toffoli não poderia deliberar sobre o assunto ainda nesta quarta-feira. A última sessão do plenário do Supremo ocorreu pela manhã e foi encerrada ao meio-dia. 

Retrospecto 

Marco Aurélio concedeu a liminar depois de Dias Toffoli, presidente do STF, decidir marcar para o próximo 10 de abril o julgamento do tema. Para esse dia, está marcado a verificação de três ações cuja solicitação é que a prisão após condenação em segunda instância seja proibida em razão do princípio da presunção da inocência. A fundamentação para essa defesa é o artigo 5º da Constituição, onde diz que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.


O Supremo, desde 2016, interpreta que a prisão após condenação em segunda instância é possível, mas as ações no tribunal visam mudar o entendimento. O tema já foi julgado pelo menos três ocasiões.

 
Em 17 de fevereiro de 2016, o plenário definiu em uma situação específica que a pena poderia ser executada após a condenação na segunda instância e que o réu poderia recorrer, já preso. A decisão inverteu o que vinha sendo aplicado desde 2009, onde era possível aguardar o julgamento de todos os recursos antes da prisão.


Quase oito meses depois, em 5 de outubro de 2016, os ministros do Supremo julgou medidas cautelares apresentadas pelo PEN e pela OAB e decidiu confirmar a possibilidade de prisão após segunda instância. Em 11 de novembro de 2016, o STF debateu e julgou novamente o tema, desta vez no plenário virtual, e manteve o cenário de prisão após condenação em segunda instância. O tema também veio à tona no julgamento de um pedido de liberdade do ex-presidente Lula em abril deste ano, quando o Supremo negou por 6 a 5 conceder um habeas corpus ao petista.