“O contágio da esperança” – Carlos Brandão
Uma imagem, em especial, me chamou muito a atenção nos últimos dias: o Papa Francisco, sozinho, na Basílica de São Pedro, realizando a tradicional missa Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo), no domingo de Páscoa. Ao mesmo tempo, porém, ao redor do planeta, via redes sociais e veículos de comunicação, milhões e milhões de fiéis puderam acompanhar as palavras do Santo Padre e testemunhar o vazio que a pandemia está causando em todos. Foi algo emblemático para nós, católicos. Na verdade, creio que para todos; pois, esta imagem acaba simbolizando o momento que atravessamos.
A celebração foi sóbria, direta e deixa uma mensagem de vida muito grande. Que sejamos todos contagiados de esperança. Disse ele: “É um ‘contágio’ diferente, que se transmite de coração a coração, porque todo o coração humano aguarda esta Boa Nova. É o contágio da esperança”. A pandemia privou a todos nós de afeto; mas, não de reagrupar nossas forças; não de acreditar.
Se existe uma luta a ser vencida, no Maranhão estamos com nosso exército nas trincheiras, tomando decisões sempre pensando no bem comum e levando em consideração a vida. Seguimos as recomendações dos maiores especialistas em saúde pública, sem pensarmos em possíveis prejuízos políticos. Isso não importa agora. Teremos sim – e estamos cientes disso -, inúmeros prejuízos econômicos. Mas, se estamos onde estamos, devemos às pessoas. As lutas históricas de nossos antepassados – desde a Batalha de Guaxenduba, passando pela Revolta de Beckman e a Balaiada, pra citar algumas -, construíram a identidade de um povo de resistência. É a nossa gente que nos interessa. Todo o restante, reconstruímos depois. Essa força, essa coragem, nos alimenta e faz com que direcionemos nossos esforços para a preservação da vida.
Uma bela vitória, alcançada essa semana, foi a chegada de 107 respiradores, que conseguimos através da doação do empresariado maranhense. E mais oitenta chegarão nos próximos dias. Isso, além de máscaras cirúrgicas, termômetros, álcool 70% e álcool em gel, além de testes rápidos, para serem distribuídos a profissionais de saúde. Esse é o contágio que queremos e que o Papa Francisco citou no domingo de Páscoa. Mesmo em um momento em que as empresas precisam reinventar seu processos, unem-se para se juntar a uma luta que, na verdade é de todos. E temos visto isso, em inúmeras manifestações de solidariedade encampadas pela sociedade organizada. Anônimos, famosos, políticos, instituições, estão arregaçando as mangas e doando tempo, insumos, alimentos, àqueles que a pandemia tornou mais vulneráveis. Esse é o maior valor.
Há cerca de cem anos, a pandemia que é considerada “o maior holocausto médico da história”, a gripe espanhola – que matou mais de cinquenta milhões de pessoas em todo o mundo -, deixou muitos ensinamentos. E um dos principais é de que o ser humano é resiliente. Não gostamos do isolamento; mas, vamos lidar com ele.
Como já destaquei em outro artigo, no Maranhão temos uma liderança firme de todo o processo de combate ao Covid-19. O governador Flávio Dino, acima de tudo, tem passado confiança aos maranhenses. E, como já escreveu o psicólogo Steven Taylor, especialista em comportamento humano em pandemias, da canadense Universidade da Colúmbia Britânica, “se o público não confiar em seu líder ou não confiar nas autoridades de saúde, não fará o que elas dizem”.
Lamento a troca de comando no Ministério da Saúde, em pleno trem em movimento. Mas, ao mesmo tempo, desejo sorte ao novo ministro na condução dessa locomotiva. O certo é que precisamos de todos. Precisamos que todos se protejam e protejam o próximo. Precisamos de uma multidão contagiada pela esperança.
Por: Carlos Brandão, vice-governador do Maranhão e vice-presidente nacional do Republicanos