A Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão – CAEMA, a empresa Dimensão Engenharia e o Hospital Macrorregional foram notificados pela Secretaria de Meio Ambiente do Município e denunciados ao Ministério Público em Imperatriz.
Na pauta atual dos principais veículos de imprensa do Maranhão, o assunto do momento é a rescisão unilateral do contrato entre a Prefeitura de Imperatriz e a CAEMA. Os motivos vão desde o abastecimento irregular de água, falta de tratamento de esgotos, transparência na aplicação dos recursos, falta de investimento e poluição dos riachos, do Rio Tocantins e lençol freático.
Dentre as inúmeras reclamações e denúncias contra a autarquia que diz promover saneamento ambiental no estado, uma delas, feita em maio de 2021, carece de rígida averiguação por parte da Prefeitura e do próprio Ministério Público, no intuito de apurar se as irregularidades foram de fato sanadas.
Estamos falando no que pode ser um dos maiores crimes ambientais e contra a saúde pública de que se tem notícia na região Tocantina, que tem como alvo o Hospital Macrorregional, que é suspeito de lançar, diariamente, milhares de litros cúbicos de material contaminado no Riacho Bacuri, um dos diversos canais que atravessam a cidade, passando por 15 bairros até cair no Rio Tocantins, que em seguida devolve a água através da Caema, para uso doméstico, comercial e industrial.
Na época técnicos da Secretaria municipal do Meio Ambiente de Imperatriz, prepararam um relatório após encontrar vestígios de esgoto, formando uma pequena lagoa por atrás do hospital. Também foi encontrado vestigios de esgoto “in natura” no conjunto residencial, Eco Pleno, construído pela empresa Dimensão Engenharia. O Ministério Público foi comunicado, por meio da Promotoria do Meio Ambiente.
A Secretaria Municipal do meio Ambiente, na ocasião, notificou a direção do Macrorregional, a Dimensão e a própria Caema, sobre esse grave problema, mas parece que nada foi resolvido.
Tanto o hospital, quanto o conjunto habitacional, canalizavam seus esgotos “in natura” para a lagoa que desemboca no Bacuri, nos fundos da Vila Machado. Lá caía de tudo, de restos cirúrgicos à águas servidas na lavagem dos instrumentos usados nas cirurgias, além de roupas contaminadas, água da limpeza do chão e até dos laboratórios.
Vale ressaltar que no curso do Bacuri até o rio, estão Vila Machado, Vila Esmeralda, Parque Amazonas, Parque das Palmeiras, Vila Redenção II, Vila Redenção I, atravessando a Avenida Pedro Neiva de Santana, Vila Parati, Vila dos Lopes, Vila Nova, Jardim Oriental, Jardim São Luís, Morada do Sol, atravessa também a Belém-Brasília, bairro Bacuri, São José do Egito e o bairro Caema.
Um estudo feito por engenheiros ambientais da Universidade Federal de Pelotas chegou a conclusão de que “efluentes hospitalares incluem, além da água da lavanderia, a água da lavagem de materiais contaminados, dejetos de limpeza de superfícies e pisos, juntamente com produtos desinfetantes, água das caldeiras, os resíduos de procedimentos cirúrgicos, dos ambulatórios, dos laboratórios de análises, entre outros. Os resíduos provenientes dos laboratórios de análises podem apresentar quantidades consideráveis de fenóis, ácidos e produtos enzimáticos gerados nas reações bioquímicas, por causa da alta quantidade de reagentes que são empregados”.
Já o Portal Terra, na coluna Boa Saúde, chegou a publicar que “o esgoto hospitalar é uma ameaça bem maior do que os dejetos domésticos, pois contém bactérias e muitas substâncias usadas como medicamentos, que não são absorvidas pelo ambiente. O líquido descartado pelas unidades tem um alto índice de contaminação.”
Como o esgoto em Imperatriz e na maioria das cidades do Maranhão é conduzido sem tratamento diretamente para os rios, há suspeitas de que os lençóis freáticos ao longo do seu curso, foram prejudicados. Ameaça às populações vizinhas pois, basta o simples contato com a água poluída, para se estar exposto ao risco de infecções de pele, se ingerida, até mesmo infecções nos órgãos. O risco para crianças, idosos e pessoas debilitadas por outras enfermidades é ainda maior.
Preocupada, a população exige saber das autoridades, se pelo menos esse problema foi resolvido ou, se ainda continua sendo “empurrado” para o Rio Tocantins.