Construtora atribuída a Juscelino não tem sede nem funcionários e recebeu emenda de R$ 2,56 milhões indicada pelo então deputado
A Arco Construções, empresa atribuída pela Polícia Federal a Juscelino Filho (União-MA) e investigada por ter sido usada em um esquema de corrupção para favorecer o ministro das Comunicações, não tem sede nem funcionários. Segundo a Polícia Federal, a empresa pertence “faticamente” a Juscelino, ainda que, no papel, seja de Antonio Tito Salem Soares, apontado pela organização como “testa de ferro” do ministro.
São nove contratos para pavimentação, construção de praças, de uma escola e aluguel de maquinário pesado na cidade reduto da família de Juscelino. O ano de criação da empreiteira, 2015, coincide com o de seu primeiro mandato como deputado federal.
A assinatura de Juscelino aparece em um dos contratos firmados com a empresa da qual, segundo a PF, o ministro seria sócio oculto e verdadeiro dono. A emenda no valor de R$ 2,56 milhões foi indicada pelo então deputado em 2017, para reparos em estradas de terra na cidade governada pela irmã, como mostrou o jornal Folha de São Paulo.
Segundo a Folha de S. Paulo, os endereços apontados em documentos oficiais e ações de cobrança não correspondem à construtora que está em operação regular.
No local onde deveria estar a sede da Arco em São Luís, no Maranhão, há outra empresa chamada Triunfo. O jornal também procurou um endereço ligado à construtora no bairro Parque dos Nobres, mas encontrou um imóvel fechado, sem ninguém. A falta do registro oficial de empregados no quadro da empreiteira foi constatada pela PF antes das operações policiais deflagradas para investigar as suspeitas de corrupção.
No site do Tribunal de Contas do Maranhão, há registros apenas de contratos da construtora na cidade de Vitorino Freire (MA), comandada pela prefeita Luanna Rezende, sua irmã. Como revelou o jornal, são nove contratos para pavimentação, construção de praças, escola e aluguel de maquinário pesado.
Ré em processos promovidos por bancos públicos e privados, a empresa atribuída ao ministro das Comunicações tem uma dívida de 1,25 milhão de reais com o Banco do Nordeste e outra de 250 mil reais com a Caixa.
Em nota, a defesa de Juscelino Filho voltou a dizer que são “absurdas as ilações de que Juscelino tenha tido qualquer proveito pessoal com sua atividade parlamentar”.