Índios mantém reféns funcionários de órgão federal no Maranhão
Há mais de 40 horas que três funcionários do Distrito Especial Sanitário Indígena (DSEI) estão impedidos, por índios da etnia Guajajara, de sair na terra indígena Pindaré, no município de Bom Jardim, a 275 km de São Luís. O impasse gira em torno de falhas que os índios afirmam haver no atendimento de saúde e também no abastecimento de água nas aldeias. As informações são da TV Mirante.
A revolta dos índios é por causa da falta de água que, segundo a liderança indígena Bruno Caragiu Guajajara, tem afetado a Aldeia Tabocal, na Terra Indígena Rio Pindaré, que fica em Bom Jardim, além de outras aldeias. Ele diz que a situação piorou depois que a bomba do poço queimou e os funcionários do DSEI foram até o local realizar o conserto, mas os índios não aceitaram porque eles dizem que a bomba já foi consertada outras vezes e voltou a apresentar os mesmos problemas.
“Se consertar vai acabar dando o mesmo problema depois e gerando mais problemas ainda e incômodo para a comunidade. Isso revolta muito porque o pessoal da Aldeia Tabocal tem que ir em outras aldeias para pegar água e isso acaba revoltando a população, a comunidade. Eu acredito que duas bombas novas para as duas aldeias seria a solução desse problema”, revelou Bruno Caragiu Guajajara.
Segundo as lideranças, há outras situações relacionadas a atuação do DSEI que tem revoltado a comunidade. Os índios denunciam também as condições do atendimento de saúde, que de acordo com eles estão com equipamentos deteriorados. A também liderança indígena Eliete Guajajara conta que os índios não estão tendo nem o básico como remédios que podem ajudar em doenças crônicas e hipertensão. Ela também diz que já passou por situações em que teve que tirar do próprio bolso para pagar as despesas dos indígenas.
“Atualmente a gente não tem o básico do básico e a gente tem muitas pessoas dentro da comunidade hipertensos, com doenças crônicas, crianças especiais que precisam de medicamentos básicos que a gente não tem no momento condição de comprar. Então, pelo menos isso a gente queria que ajeitasse a questão do combustível porque em alguns momentos que a gente teve alguma emergência que precisou do veículo ele não estava não porque o motorista não quis no ajudar, mas por falta de combustível no veículo. A gente tem tirado do nosso próprio bolso para fazer abastecimentos e não é uma obrigação nossa, é do próprio DSEI e aí quando a gente chama para uma conversa com o coordenador ele não se prontifica para conversar conosco”, desabafou Eliete Guajajara.
O diretor do Distrito Especial Sanitário Indígena (DSEI) no Maranhão, Alberto Goulart, diz que tem atuado para resolver os problemas das aldeias. “Nós não temos o contrato para a compra de bombas novas. Nós podemos consertar as bombas que nós temos. Então a gente está tentando conversar para que libere, para que possamos fazer os serviços nessa aldeia o mais rápido possível. A empresa vai liberar a bomba em dois ou três dias e que a gente também possa atender as outras. A partir do momento que esse pessoal continua apreendido as outras também terão as penalidades porque eles não podem fazer o serviço. A partir daí vem outras demandas que não estão previstas. O local é atendido por nossas equipes multidisciplinares de saúde e são equipes completas com médicos, enfermeiros, técnicos de saúde. Todos lá estão completos. Temos todo o material, temos atendimento e nós estamos verificando quais são as novas solicitações”, finalizou.