Há mais de 24h um grupo de moradores do Cajueiro, situado na zona rural de São Luís, e representantes de entidades civis estão acampados na sede da Secretaria de Direitos Humanos do Estado, na capital. Eles querem que o governo suspenda a demolição das casas da comunidade.
Os manifestantes pedem a suspensão das obras na comunidade Cajueiro, onde está sendo construído um porto particular. Durante uma coletiva no fim da manhã deste sábado (24), o secretário da Secretaria de Direitos Humanos, Francisco Gonçalves, disse que o assunto tem que ser tratado na Justiça e que o governo não pode tomar nenhuma medida para paralisar as obras.
Sete moradores da comunidade e quatro apoiadores do movimento ocupam a sede da Secretaria de Direitos Humanos desde o final da tarde de sexta-feira (23). Eles alegam que o prédio foi evacuado no final do expediente e que o sistema de ar-condicionado foi desligado.
A representante da Central Sindical Popular, Gerlane Pimenta, afirmou que nem os advogados que defendem os moradores tiveram acesso ao local. “Os advogados que tentaram contato foram negados, inclusive a Comissão de Prerrogativa da OAB teve aqui e foi impedida de acesso. Ou seja, eles não estão tendo nem direito de prisioneiros condenados tem, que é de acesso a assessoria jurídica”.
O secretário Francisco Gonçalves negou as declarações da representante da Central Sindical Popular e acrescentou que solicitou que não fosse desligado as luzes do prédio do órgão que é ligado ao governo do estado. “Até onde eu tenho conhecimento os advogados estão lá. O Rafael Silva está lá, ele é advogado e tem se postado como porta-voz, como liderança do movimento e ao mesmo tempo os defensores públicos têm pleno acesso ao espaço”.
No final desta manhã um dos moradores da comunidade Cajueiro passou mal e precisou de atendimento médico. Gerlane Pimenta revelou que muitos dos moradores da comunidade Cajueiro revelaram que muitos dos moradores são hipertensos. “Cerca de 14 pessoas estão em um espaço sem ar-condicionado, sem poder se comunicar com o mundo exterior”
O secretário Francisco Gonçalves disse que ainda que tem mediado as negociações com a empresa responsável pela construção do porto e acertado garantias para as famílias que foram desapropriadas.
Durante a última ação de reintegração de posse, ocorrida no dia 12 de agosto, 22 casas foram derrubadas para a construção do porto. A próxima etapa prevê a desapropriação de mais 80 famílias. Uma delas é da moradora Audecir de Melo, que ocupa o prédio da Secretaria de Direitos Humanos do Estado desde a noite de sexta.
Audecir Melo lamenta que a situação e diz que os moradores da comunidade Cajueiro só vão sair da sede da Secretaria de Direitos Humanos do Estado após terem um posicionamento do governo do Maranhão. “Desmataram tudo, nossas casas, nossas cutias. Tu está se acabando e não estão fazendo nada e a gente está sofrendo e agora estamos aqui ocupando o estaço até a gente poder conversar e saber o que está acontecendo na nossa comunidade”, finalizou.