Os preços da arroba do boi gordo entraram em um momento de queda. O indicador Esalq/B3, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), fechou a quarta-feira, 4, cotado a R$ 216,50. Em quatro dias, o valor da arroba caiu R$ 14,85, ou seja, saiu de R$ 231,35 na última sexta-feira, 29 e fechou a quarta a R$ 216,50. No acumulado de dezembro, a baixa já é de 6,4%.
A consultoria Safras & Mercado informa que o mercado busca uma acomodação de preços depois da disparada. Segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, os negócios seguem acontecendo em bom volume, mesmo em níveis mais baixos de preço.
“Com um maior fôlego nas escalas de abate, os frigoríficos encontram melhores condições no início de dezembro, com maior capacidade de realizar testes no mercado. Importante destacar que mesmo com preços em queda a margem operacional segue satisfatória para os pecuaristas neste último bimestre”, assinalou.
Apesar dessa baixa, a Radar Investimentos acredita que os preços do boi gordo não devem voltar ao patamar de antes. Segundo Leandro Bovo, sócio-diretor da empresa, as cotações podem cair no início de 2020, mas não se pode esperar preços como os praticados antes da repentina alta do boi gordo.
“A partir de janeiro as coisas tendem a se normalizar com os preços recuando pelo menos um pouco. Agora, o que não podemos falar é sobre queda de preço a níveis antigos, como uma arroba por R$ 150, até porque o preço estava muito defasado, há cerca de cinco anos sem correção”, afirma ele.
Motivos da alta
Um dos motivos que explicam a alta da carne bovina ao consumidor final são as exportações aquecidas, principalmente para a China. Isso ocorre porque o país asiático enfrenta um grave surto de peste suína africana. A doença, que é altamente contagiosa em porcos e possui taxa de até 100% de mortalidade, já fez os criadores chineses abaterem cerca de 40% de seu rebanho suíno, segundo o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China. Com isso, o país tem aumentado a procura por outros tipos de carnes do Brasil.
De acordo com a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), outro motivo que influenciou as exportações para a China foi a habilitação de novos frigoríficos para exportar carne bovina in natura. Mais recentemente, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, anunciou a habilitação de 13 unidades brasileiras aptas a exportar carne bovina, suína e de aves para os chineses. A expectativa da associação é de que as o aumento das vendas de carne bovina fiquem acima dos 10% previstos pelo setor em 2019.
Pouca oferta de boi
Outro fator que influencia a alta da carne bovina é a pouca oferta de boi. O Cepea afirma que, de modo geral, houve um alto número de abate de vacas nos últimos anos. Com menos fêmeas no pasto, a oferta de bezerros e, consequentemente, a de boi gordo nos dias de hoje foi prejudicada.
“Nesse sentido, a pecuária nacional vai ter que responder com aumento de produtividade para conseguir atender à crescente demanda por novos animais para abate, tendo em vista que o abate de vacas atingiu volumes recordes nos primeiros meses deste ano”, informa o centro de estudos.
Festas de fim de ano
Aqui no Brasil, apesar do desemprego e da economia ainda estarem em ritmo de recuperação, as festas de fim de ano normalmente aquecem as vendas de carne. Nessa época, é normal ter um aumento na comercialização do produto, quando os atacadistas se abastecem, à espera de aumento na procura por carne. O pagamento do 13º salário à população também ajuda a movimentar esse mercado.
Da Redação com informações do Canal Rural