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Brasil

Sarney lamenta declaração de Eduardo Bolsonaro

Junior Castro

Sarney lamenta declaração de Eduardo Bolsonaro

Em nota, o ex-presidente José Sarney também repudiou as declarações de Eduardo Bolsonaro sobre um novo AI-5 no Brasil.

“Lamento que um parlamentar, que começa seu mandato jurando a Constituição, sugira, em algum momento, tentar violá-la”, escreveu Sarney.

“Presidi a transição democrática, que convocou a Constituinte e fez a Constituição de 1988. Sua primeira cláusula pétrea é o regime democrático”, continuou o ex-presidente.

Sarney disse ainda:

“Devemos unir o país em qualquer desestabilização das instituições. E sei que expresso o sentimento do povo brasileiro, inclusive das nossas Forças Armadas, que asseguraram a transição democrática, que sempre proclamei que seria feita com elas, e não contra elas.”

A DECLARAÇÃO  

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou em uma entrevista que, se a esquerda “radicalizar” no Brasil, uma das respostas do governo poderá ser “via um novo AI-5”. Eduardo deu a declaração ao falar sobre os protesto de rua que estão acontecendo em outros países da américa latina.

“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando se sequestravam, executavam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares”, disse Eduardo.

Ele continuou: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada, porque é uma guerra assimétrica, não é uma guerra onde você tá vendo seu oponente do outro lado e você tem que aniquilá-lo, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto né? Temos que ficar atentos”.

Pouco depois das 16h deste quarta, Eduardo Bolsonaro publicou um novo vídeo em uma rede social no qual voltou a falar sobre o AI-5. “Está tendo uma polêmica aí com relação ao AI-5. Vocês estão vendo aí tudo que está acontecendo com o Chile”, afirma ele, antes da exibição de imagens de manifestações no país sul-americano.

Em seguida, o deputado diz: “O que a esquerda está chamando de protestos [no Chile] e querendo trazer para o Brasil, que na verdade a gente sabe que são vandalismos, depredações e chega a ser, sim, terrorismo. Porque eles querem fazer uma instabilidade política para tirar do poder um presidente que não é de esquerda”.

Pouco antes de Eduardo divulgar o vídeo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que “quem quer que fale de AI-5 está sonhando”, acrescentando: “Se ele falou isso, lamento”.

O AI-5

O AI-5 foi a resposta do regime militar para toda a crise que a Ditadura Militar enfrentava em 1968. Em razão das mobilizações de estudantes, operários, artistas e intelectuais, somadas à luta armada e à oposição de políticos às ordens do governo, a cúpula militar reuniu-se para endurecer o regime. Sendo assim, como já salientado, o AI-5 não foi um “golpe dentro do golpe”, mas uma resposta pensada dos militares para as tentativas da sociedade brasileira de resistir contra a ditadura.