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Maranhão

Sítio arqueológico descoberto durante construção no Maranhão revela ossos da pré-história brasileira

Redação

Sítio arqueológico descoberto durante construção no Maranhão revela ossos da pré-história brasileira

No coração da cidade de São Luís, capital do Maranhão, uma verdadeira cápsula do tempo foi revelada no Sítio Arqueológico Chácara Rosane. A descoberta, anunciada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), revelou 43 esqueletos humanos e mais de 100 mil artefatos com até 10 mil anos, oferecendo uma fascinante janela para os povos sambaquieiros, grupos que estavam por aqui bem antes da colonização europeia aparecer.

Localizada no bairro de Vicente Fialho, num terreno destinado à construção de prédios que atenderão ao programa Minha Casa, Minha Vida, a Chácara Rosane torna-se um testemunho vivo da longa história de ocupação humana na ilha de São Luís.

A grandiosidade dessa descoberta vai além das expectativas, surpreendendo até mesmo pesquisas anteriores feitas no local na década de 1970, que não haviam revelado muitos vestígios arqueológicos.

O monitoramento arqueológico recente realizado pela MRV Engenharia, durante o processo de licenciamento para as obras, revelou a verdadeira magnitude do sítio, que estava escondido sob camadas de solo. A partir disso, uma empresa particular de arqueologia analisou o local e determinou que estavam em cima de um grande tesouro histórico.

O sambaqui encontrado no local — composto por conchas, sementes e ossos de animais — trouxe à tona a existência de 43 esqueletos de seres humanos e mais de 100 mil artefatos como cerâmicas, ferramentas de pedra, conchas decoradas, entre outras peças.

Esse achado ainda revela que existiram vários grupos ocupando o lugar ao longo dos anos, sugerindo quatro momentos distintos de presença humana.

Esqueletos antigos são achados em Sítio Arqueológico em São Luís. (Fonte: Nelyane Gomes, Iphan / Divulgação)

O que é um sambaqui?

Os sambaquis, que na língua tupi-guarani significa “amontoado de conchas”, eram edificações construídas por boa parte do litoral brasileiro feitas principalmente com conchas, moluscos, ostras, mariscos e ossos, todos amontoados e distribuídos por longas faixas (alguns sambaquis podem ter mais de 120 metros de comprimento e altura superior a 40 metros).

O sambaqui é constituído por um amontoado de conchas. (Fonte: GettyImages/ Reprodução)

De acordo com especialistas, os povos sambaquieiros eram anteriores aos povos de língua tupi, grupo que estava na costa brasileira quando os portugueses chegaram.

Ainda não se sabe ao certo sobre todas as funções que os sambaquis desempenhavam, mas muitos pesquisadores afirmam que essas construções poderiam servir como moradia ou, até mesmo, como cemitério.

Salvando o passado

A descoberta do Sítio Arqueológico Chácara Rosane oferece insights valiosos sobre nossas origens, identidade e os primeiros capítulos da história brasileira, como afirma o professor e arqueólogo Arkley Marques Bandeira, titular da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e especialista em populações que viveram em sambaquis.

Os esforços conjuntos da UFMA, IPHAN e outras universidades parceiras devem promover um estudo meticuloso desse material, proporcionando à comunidade um panorama histórico do modo de vida dos antepassados.

O resultado desses estudos será compartilhado com a sociedade por meio de um documento técnico que resume as principais informações, destacando a importância da arqueologia na preservação da memória e história do Brasil.